Após três dias de suspensão, os estudantes da Escola Estadual Rural Limoeiro Anexo, localizada na zona rural do Bujari, interior do Acre, voltaram às aulas na última segunda-feira, dia 9. No entanto, o local onde as atividades ocorrem segue sendo o mesmo: uma estrutura improvisada no meio do matagal, composta apenas por alguns pilares de madeira, telhas simples, sem paredes, sem piso e com o chão de barro. A paralisação das aulas havia sido determinada pelo núcleo local da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE-AC), com a justificativa de aguardar a conclusão da nova escola que está sendo construída em outra área da comunidade. Apesar disso, a SEE-AC afirmou que não foi informada oficialmente sobre a decisão e ordenou a retomada imediata das atividades escolares.
Coube à professora Célia Amorim o papel de avisar os alunos sobre o retorno das aulas. Ela, porém, relatou que não conseguiu entrar em contato com todos os estudantes a tempo, o que resultou em uma baixa presença no primeiro dia. A região conta com uma escola com mais estrutura, a sede principal da Escola Limoeiro, mas seu acesso é ainda mais difícil devido às condições ruins do ramal e à limitação do transporte escolar, que cobre apenas parte do percurso e não chega até a escola principal. Por causa disso, há cerca de três anos, a comunidade improvisou uma sala de aula para atender os alunos mais próximos, o que inicialmente seria uma solução temporária, mas acabou se tornando permanente.
Segundo a professora, o espaço atual foi cedido por um morador da região, que anteriormente usava o local como igreja. Ainda de acordo com ela, o Estado teria repassado ao morador a madeira que seria utilizada na construção da nova escola. Enquanto isso, na sede da Escola Limoeiro, as salas ficaram vazias no início da semana, já que alunos que moram às margens do Rio Antimary não conseguiram chegar à escola devido à paralisação dos barqueiros responsáveis pelo transporte fluvial, que entraram em greve por falta de pagamento.
O Ministério Público do Acre (MP-AC), por sua vez, informou por meio de nota que já estava ciente da precariedade das instalações da escola e que vem adotando providências desde o início do ano. Em janeiro, foi instaurado um procedimento investigativo que segue em andamento. O MP também oficiou o núcleo da SEE cobrando explicações e acionou, no dia 8 de maio, o Núcleo de Apoio Técnico (NAT) para realizar vistorias na unidade. Além disso, no último dia 6 de junho, concedeu um prazo de cinco dias para que a Secretaria de Educação esclareça por que os alunos ainda não foram transferidos para o prédio da prefeitura, conforme havia sido informado anteriormente. Esse prazo continua em curso.
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